Pacientes em estado vegetativo se comunicam

Uma notícia perturbadora e fantástica: a medicina descobriu uma forma de se comunicar com pacientes em estado vegetativo. Pessoas que não conseguem se mexer, nem falar.

Eles não conseguem piscar os olhos, nem mexer as sobrancelhas. Muito menos mover um braço ou uma perna. No entanto, estão conscientes.

"O fato de um paciente que não fala, não gesticula, conseguir se comunicar, responder sim ou não a algumas questões alterando a sua atividade cerebral, é emocionante para nós", diz o pesquisador Adrian Owen.

Ele faz parte de uma equipe internacional de cientistas que decidiu espiar a mente de pessoas em estado vegetativo. Com um aparelho de ressonância magnética, o grupo estudou os cérebros de 23 pacientes nessa situação.

Os pesquisadores disseram a eles: "Imagine que você está jogando tênis" ou "Imagine que você está andando pela sua casa".

Segundo os cientistas, quatro pacientes responderam ao estímulo e, ao imaginar cada um desses movimentos, apresentaram atividades em partes diferentes do cérebro.

Depois, os pesquisadores fizeram uma associação: disseram aos pacientes que jogar tênis significava "sim" e andar pela casa representava "não".

Ao perguntarem se um dos pacientes tinha irmãos. A imagem da ressonância mostrou que ele imaginou que estava jogando tênis – ou seja, um "sim" – a resposta correta.

A descoberta não permite dizer se os pacientes em estado vegetativo vão se recuperar ou não. Mas ajuda os médicos a identificarem melhor os problemas no cérebro e auxilia no desenvolvimento de tratamentos mais específicos. Só que o estudo também provoca uma discussão ética enorme.

Um canal de comunicação com quem não fala é mais um elemento na já polêmica questão da eutanásia. Quem tem o direito de dizer se quer morrer ou não? Quem tem a certeza de que a ciência interpretará os sinais corretamente?

"Ainda precisamos ver qual será o impacto disso na vida real," diz outro pesquisador. É preciso mais estudo para ajudar aqueles que vivem em silêncio.

O estudo dos pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e da Universidade de Liège, na Bélgica, foi publicado no New England Journal of Medicine.

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