Uso recreativo de estimulantes sexuais não é garantia de ereção

"A expectativa do homem que faz uso desse medicamento de forma recreativa é de que a ereção ocorra sempre e obrigatoriamente, gerando a falsa ideia de que tudo dará certo independente do que faça ou do que esteja acontecendo" Existem homens que fazem uso recreativo de estimulantes sexuais como viagra ou similar, cujo papel é atuar como facilitador da ereção do pênis para quem tenha efetivamente essa dificuldade.

O objetivo desse uso recreativo é o de possibilitar uma noite intensa de sexo, sem se preocupar com qualquer dificuldade em relação à ereção e com quem estiver ao lado.

Sem críticas ou censura a esse desejo ou escolha, é importante pensarmos nos efeitos que essa situação pode provocar. Afinal, ela vai contra princípios elementares de uma relação sexual que são o prazer, o orgasmo e a satisfação. Isso porque muitos acabam fazendo uso desses estimulantes sexuais em condições não favoráveis, por vezes embriagados ou drogados, sem uma percepção sensorial de si mesmo e com uma pessoa não escolhida ou meramente circunstancial.

Tanto jovens quanto homens mais maduros e experientes têm feito uso desses medicamentos nessas condições e como consequência ocorre uma dependência do mesmo, pois passam a necessitar dele em toda e qualquer situação, seja ela recreativa ou não.

A verdade é que o medicamento facilita a ocorrência da ereção, porém distancia esses homens de dois pontos cruciais na vivência de sua intimidade sexual: a percepção de estímulos sexuais é anulada pela anestesia provocada pelo álcool ou drogas; e a falta de envolvimento com a outra pessoa envolvida, parte importantíssima no favorecimento de estímulos excitatórios na atividade sexual.

No aspecto cognitivo-comportamental o homem acaba estruturando uma condição desfavorável a ele próprio, na qual ele pode ou não ter a ereção, e esse é o grande risco. Afinal, ingerir o medicamento não é garantia de que a ereção irá acontecer. É preciso condições mínimas para que o estimulante atue e a ereção ocorra. Porém, a expectativa do homem que faz uso desse medicamento de forma recreativa é de que ela ocorra sempre e obrigatoriamente, gerando aí uma falsa ideia de que tudo dará certo independente do que faça ou do que esteja acontecendo.

Se a ereção ocorrer e o sexo também, tudo bem. Entretanto, pode acontecer dela não ocorrer. Assim a decepção, a frustração e a angústia podem ser arrasadoras para esse homem.

Os medicamentos são ótimos e de grande importância, porém quando bem indicados por um médico e utilizados de forma adequada. Mas o que observo no consultório de forma crescente é o uso indiscriminado e com consequências danosas ao psiquismo.

FONTE : Eduardo Yabusaki

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