Você é fechado ou aberto demais nas suas autorrevelações?
Como
as pessoas não adivinham pensamentos e sentimentos, a única forma de
fazer-se bem conhecido e conhecer outras pessoas é através da
autorrevelação. Saber apresentar autorrevelações é tão importante quanto
saber receber autorrevelações.
Quão autorrevelador você é?
1-
Em que ponto do contínuo que varia entre "completamente fechado" e
"completamente exposto", no que se refere às revelações de informações
pessoais, você se situa?
2- Que assuntos você revela mais?
3- Em que circunstâncias você costuma autorrevelar?
4- Para que tipo de pessoa você costuma autorrevelar?
5- Que tipo de informação você esconde? Para que tipo de pessoa? Por quê?
6- Que tipo de assunto você gostaria de revelar mais, mas não consegue? Para quem você gostaria de revelar esses assuntos?
Estas são algumas perguntas que dizem respeito à autorrevelação e às circunstâncias onde ela ocorre.
Definição de “autorrevelação”
A
autorrevelação consiste na comunicação de alguma coisa verdadeira sobre
si como, por exemplo, pensamentos, sentimentos, sensações, opiniões,
emoções, aspirações, frustrações e acontecimentos importantes que
aconteceram consigo. A principal função da autorrevelação não é
expressar grandes segredos, traumas e necessidades. O tipo mais
importante de autorrevelação é o fornecimento de feedback para o
interlocutor.
O
termo “revelar” inclui todos os tipos de revelações. A palavra composta
“autorrevelar”, tal como usada aqui, inclui apenas informações sobre
quem está revelando e, portanto, não inclui revelações sobre segredos
objetivos (por exemplo, um segredo industrial ou militar) ou informações
sobre terceiros.
Consequências das autorrevelações.
Por
que não somos um “livro aberto” onde os nossos interlocutores podem ler
todas as informações que desejarem? Porque somos criteriosos com aquilo
que revelamos? Porque a autorrevelação
pode beneficiar ou prejudicar quem a fornece, quem a recebe, e as
relações entre o revelador e quem recebe a revelação.
Compartilhar
informações é de inestimável valor para lidar de uma forma mais
eficiente com o meio ambiente, com outras pessoas e com aqueles que
estão apresentando tais informações. Fornecer informações pode
beneficiar tanto quem as revela (por exemplo, ao comunicar que está com
medo uma pessoa pode receber auxílio para lidar com aquilo que está
causando esta emoção) como quem a recebe (por exemplo, a informação de
que uma pessoa está com raiva de mim pode me levar a adiar apresentar um
pedido a ela porque ele teria mais chance de ser recusado nesta ocasião
do que quando ela estivesse bem).
Ao
autorrevelar você cria a oportunidade para aperfeiçoar aquilo que está
sentindo e pensando e dá a mesma oportunidade para que o seu
interlocutor também aperfeiçoe seus sentimentos e ações. Se você
perceber seus erros poderá trabalhar para se autoaperfeiçoar.
A
autorrevelação é inadequada quando não acontece com o tipo de
interlocutor adequando, nas circunstâncias adequadas (quando o outro
estiver pronto) e quando realizá-la implica em riscos ou danos
excessivos, psicológicos ou materiais, para quem revela e para quem a
recebe.
Consequências tangíveis das autorrevelações
Existem
vários tipos de informações cujas revelações podem ter consequências
tangíveis (implicar em prejuízos econômicos, perda de amizade, iniciar
um namoro, ganhar a simpatia do interlocutor, etc.). Por exemplo, as
informações sobre sentimentos que implicam em um posicionamento diante
de outra pessoa ou que afetem profundamente a imagem desta (gosto/não
gosto, simpático / antipático, amo / não amo, confiável, etc.).
Consequências das autorrevelações para o interlocutor
As
revelações podem produzir diferentes efeitos em quem as recebe. Na
medida em que o interlocutor se afeta com aquilo que quem revela está
sentindo ou é capaz de fazer, ele será sensível aos efeitos da
revelação.
Quando
vamos nos impor ao interlocutor. Neste caso as características do
interlocutor importam menos. Importa prever como ele reagirá a tais
revelações e se temos condições e queremos encarar as suas reações (por
exemplo, não queremos encarar os riscos de reagir a um ladrão ou a um
policial autoritário.)
Quando
queremos desabafar ou confiar informações comprometedoras: o
interlocutor deve ser uma pessoa compreensiva, confiável e que tenha
espaço para nos ouvir.
Maneiras de autorrevelar
Maneiras ativas e passivas de autorrevelar
Quase
tudo que pode ser observado em uma pessoa é informativo: a sua
aparência, a sua comunicação não verbal, o local onde ela se encontra,
etc.
A revelação pode ser realizada através daquilo que a pessoa faz como através daquilo que ela deixa de fazer.
A revelação acontece através de todos os atos (por exemplo, a animação
mostrada enquanto uma pessoa caminha para cumprimentar um conhecido ou o
tempo que ela despende conversando com essa pessoa) e, mais
diretamente, através da comunicação. A autorrevelação através da
comunicação acontece tanto através do seu conteúdo como através da sua
forma.
A
revelação também acontece através daquilo que uma pessoa deixa de
fazer. Quando é esperado um determinado tipo de comportamento em uma
dada situação, mas isto não acontece, esta abstenção revela algo sobre
quem não se comportou da forma esperada. Por exemplo, deixar de
alimentar os assuntos de propostos por um determinado interlocutor,
deixar de rir de uma piada, não orientar o corpo e o rosto na direção de
alguém que está falando pode revelar muito sobre a atitude de quem está
agindo desta forma.
Autorrevelação verbal e não verbal
A autorrevelação pode acontecer tanto através da comunicação verbal como da comunicação não verbal.
A
comunicação verbal é mais apropriada para revelar informações abstratas
e para relatar fatos que estão distantes no espaço ou no tempo. A
comunicação não verbal é a forma mais adequada de revelar atitudes e
emoções.
Comunicação verbal
Praticamente
tudo que pode ser comunicado por outros meios também pode ser
comunicado, de uma forma aproximada, através das palavras. Por exemplo,
ao invés de abraçar ou beijar, dizer queria ter te abraçado ou beijado
tem um efeito semelhante, mas atenuado.
Exemplos de revelações verbais:
“Eu gostaria de ter estado aqui com você.”
“Eu queria ter comprado um presente para você”
“Eu conseguirei vencer”
Comunicação não verbal
A
comunicação não verbal acontece através de diferentes modalidades
expressivas. As principais destas modalidades são as seguintes:
vocalizações, expressões faciais, olhares, movimentação do corpo,
posturas, distancias interpessoais, orientação do corpo, aparência e
contato físico. Devido à sua importância este tema será apresentado em
um capítulo a parte.
Cautela:
as informações não verbais muitas vezes não são apresentadas
voluntaria, intencional ou mesmo conscientemente. Neste caso, comentar a
mensagem pode ser constrangedor e invasivo para quem as apresentou.
Como oferecer e receber revelações
Características da autorrevelação adequada
É
importante saber calibrar as autorrevelações: saber a hora, para quem e
como revelar. Também é importante saber incentivar ou desincentivar as
revelações de outras pessoas. Por exemplo, não é prudente revelar coisas
que possam destruir uma relação importante e duradoura com o seu
interlocutor quando isso não é absolutamente necessário.
Algumas das principais propriedades de uma autorrevelação adequada são as seguintes:
Dose certa:
nem demais nem de menos. Tem o grau certo de intimidade e o nível de
risco aceitável para quem revela e para quem a recebe. Na dúvida sobre o
quanto revelar, o melhor é revelar moderadamente.
Forma adequada. É
inevitável fazer revelações que podem ser ameaçadoras para o
interlocutor. Apresentá-las polidamente aumenta as chances de que elas
sejam aceitas. A forma da revelação é um dos principais determinantes do
grau de receptividade do interlocutor para aquilo que é revelado. Por
exemplo, uma revelação desagradável, apresentada de uma forma agressiva,
é mais difícil de ser bem acolhida do que a mesma revelação apresentada
de forma polida.
Exemplos
Ao invés de dizer - “Você está errado” é mais polido dizer “Vejo as coisas de outra maneira”.
Usar o pronome “eu” e não o “você” para apresentar reclamações ameniza a ameaça ao interlocutor.
Circunstância adequada. Consiste na escolha do momento e da situação adequada para revelar e para o tipo de revelação em questão.
Interlocutor adequado. É aquela pessoa com a qual existe o tipo de relação e o nível adequado de intimidade para aquilo que é se pretende revelar.
Você é aberto ou fechado demais e isto lhe traz problemas? Procure a ajuda de um psicólogo.
FONTE : UOL
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